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Jornalismo e Publicidade e Propaganda: profissões em transformação

A difusão das novas tecnologias e as diversas possibilidades que os meios digitais propiciam atingiram em cheio as profissões de jornalista e publicitário. As transformações abrem caminhos para o profissional que conclui a graduação e deseja entrar no mercado de trabalho.

 

De acordo com a editora-executiva do jornal A Notícia Sabrina Passos, o jornalista é hoje um profissional em busca da essência da profissão. “Com um 'jornalista em potencial' em cada esquina, com câmeras, blogs e redes sociais, o profissional precisa se reinventar, buscar atualização, o diferencial”. Para ela, o jornalista precisa assumir o papel daquele que facilita a comunicação entre as pessoas e tem a melhor técnica para fazê-lo.

 

O publicitário Fábio Raposo acredita que o segredo para o profissional se manter no mercado é acompanhar a evolução tecnológica, principalmente nesta área em que a criação é a chave para o sucesso. Ele até cita uma frase de John D. Rockefele: “Se um dia só me restasse um único dólar, eu o investiria em publicidade”. 

 

 

O perfil profissional do jornalista

 

Um profissional menos empregado e mais comunicador é o que defende o jornalista Marcus Carvalheiro. Segundo ele, o jornalista, às vezes, é o profissional que possui o maior número de chefes. “São tantos editores, chefes de redação e burocracias jurídicas que os jornalistas estão se dedicando ao jornalismo virtual. Acho que este é um dos fatores que faz com que o perfil deste profissional esteja se alterando”.

 

De acordo com pesquisa realizada em 2012 pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política da UFSC, 55% dos jornalistas brasileiros atuam na mídia e destes, 44% produzem especificamente para mídias via internet. O estudo ainda revelou que 76% dos jornalistas da mídia divulgam integralmente ou em grande parte seu trabalho na internet. De acordo com Marcus, o jornalista que observa estas mudanças e dedica-se à função social de informar, com qualidade e comprometimento, automaticamente acaba produzindo conteúdos em blogs, vlogs, podcasts, entre outros. “O jornalismo não se faz só nas TVs e nem nos jornais impressos. Hoje em dia, o jornalismo se faz no Twitter, no Facebook, no Instagram e em outras mídias sociais”.

 

A jornalista Sabrina Passos afirma que para trabalhar com internet é preciso entender que pouca informação não significa informação de baixa qualidade. “E é preciso muita criatividade, muita energia e disposição para entender que, diferentemente do leitor de jornal impresso, o internauta precisa ser conquistado várias vezes por dia.” Para ela o futuro do jornalismo tem muito a buscar nas novas tecnologias e no comportamento dos internautas.

 

A estudante do 5º semestre de Jornalismo Oelen Del Puppo critica a mídia convencional, em especial as emissoras de televisão com maior audiência. De acordo com ela, a mídia que mais influência a população brasileira ainda é a TV. “Esse tipo de jornalismo sempre vai para o lado que convém, que dá mais dinheiro, mais audiência. Exemplo claro disso foi a manifestação em São Paulo, em um primeiro momento foi tratada como vandalismo, mas depois mudou totalmente o discurso”. A estudante ressalta a importância do jornalista na sociedade, que é um formador de opinião e tem um papel social. “É trabalho do jornalista falar pela minoria, denunciar o que há de errado, mas infelizmente não é assim que acontece muitas vezes”. 

 

 

Academia e mercado de trabalho

 

Muitos estudantes mudam suas ideias com relação à profissão ao longo do curso e, principalmente quando entram no mercado de trabalho. De acordo com Oelen Del Puppo, enquanto se está na faculdade os alunos têm mais facilidade de fazer um bom jornalismo porque têm meios como o jornal laboratório, TV e rádio da instituição que os apoiam, mas quando vão para o mercado de trabalho não encontram o mesmo apoio. “Lá fora vão ter que lutar mais para publicar uma denúncia, por exemplo, isso porque podem envolver apoiadores do jornal. A parte financeira fala alto”, afirma.

 

O jornalista Celso Schmitt se formou na primeira turma de Jornalismo do Bom Jesus IELUSC, no ano de 2001. Ele conta que 50 estudantes começaram o curso na maior motivação. “Esta euforia inicial foi compartilhada por professores e também pela direção da instituição. O desejo de implantar um dos melhores cursos do estado e com a tradição do colégio Bom Jesus levou a formação de uma grade carregada”, afirma Celso. 

 

Sabrina Passos conta que o curso de Jornalismo era um grande sonho. “Quando mudei para Joinville, fiquei muito contente ao ter um curso na cidade. A grande dificuldade era morar em Jaraguá e ir todos os dias para a faculdade”. Segundo ela, o curso da época era muito rico, com uma grade de disciplinas e professores que vinham de grandes universidades do País. 

 

Sobre o mercado de trabalho, Marcus Carvalheiro acha muito complicado tratar o campo do jornalismo apenas dessa forma. “Acho que o jornalismo não pode ser tratado neste âmbito, sistemático de patrão e empregado já que, antes de tudo, o jornalismo possui uma função social. Infelizmente, os veículos da nossa região ainda funcionam em um sistema fechado, metódico e ultrapassado”. Ele acredita que para fugir deste ciclo vicioso, os jornalistas egressos precisam investir em novas mídias, em especializações e em alternativas que nossa geração está oferecendo, como a economia criativa. “O jornalista não pode ter medo de fazer jornalismo. “Acho que esta é uma tendência que precisa ser fortalecida.” 

 

 

O múltiplo profissional de Publicidade e Propaganda

 

A escolha da profissão talvez seja um dos desafios mais árduos para os estudantes que acabam de concluir o ensino médio. Muitos optam pela área na qual mais tem afinidade, outros escolhem a profissão que possa dar dinheiro. São vários os motivos que levam as pessoas a querer seguir carreira em um determinado ramo. No campo da comunicação, em especial o da Publicidade e Propaganda, a liberdade de criação é um dos maiores atrativos.

 

Motivados pelo sucesso das propagandas televisivas, muitos estudantes entram na faculdade com a expectativa de se tornarem profissionais de criação. Com o publicitário Fábio Eduardo Pereira Raposo, o processo não foi diferente. Até hoje ele se lembra do espaço que o curso de Publicidade e Propaganda dava para os alunos para criar e explorar a criatividade ao máximo. “O mercado não dá espaço para esse tipo de criação. Normalmente, é necessário seguir padrões, há pouco espaço para criar algo novo”, avalia. 

 

Já o diretor executivo da Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Joinville, Claudio Giglio D’Amato, o desafio é conhecer todas as demandas do poder público. Sócio da agência EDPS Comunicação e Marketing, o publicitário, também formado no Bom Jesus IELUSC, sempre gostou da área da Comunicação, especialmente do setor de Criação. Antes mesmo de cursar a faculdade ele já atuava no ramo. Em 1998, ele e um sócio abriram a primeira agência de comunicação.

 

Na época em que Claudio começou a cursar  Publicidade e Propaganda, o mercado em Joinville era diferente do atual. “O curso profissionalizou e potencializou o mercado de Joinville”, salientou. Hoje, ele ainda acredita que o mercado segue tendências mais tradicionais.

 

É por este motivo que Claudio valoriza a formação profissional e só contrata pessoas graduadas ou que estejam estudando. Além disso, o publicitário também ressalta a importância da experiência durante o período da faculdade. “É essencial aliar a teoria com a prática”, conclui.

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